Montreuil (93)
Ville de Montreuil, EPFif, Est Ensemble
140 ha
Concours lauréat
O terreno em Montreuil nos faz questionar sobre o futuro de um bairro no qual grande parte da população mora e trabalha em um plateau que divide a urbe entre cidade alta e cidade baixa. Na parte alta, a maioria dos residentes está ligada a profissões de atividades logísticas e artesanais. Com a planejada extensão da linha do metrô, além da chegada do VLT e da formação do projeto do Grande Paris, como podemos fazer coabitar uma grande densidade e, ao mesmo tempo, respeitar a história daquele lugar, incluindo seus aspectos socioeconômicos?
A Clef des Champs (chave para os campos, em tradução livre) é nosso projeto que propõe uma nova trama urbana sob a forma de conexões paisagísticas de agricultura urbana. A cidade é portanto pensada a partir do “vazio” para definir a densidade do “cheio”. Essas conexões de paisagens são a estrutura a partir da qual desenhamos o tecido urbano, já que utilizamos esse princípio em três escalas distintas da paisagem.
A primeira paisagem extende-se na escala da cidade de Montreuil. Tirando partido da desconstrução planejada da autoestrada 186, da qual uma parte liberada sera utilizada para a passagem do VLT. Nosso projeto almeja preservar tal oportunidade e, ao invés de estender a cidade construída, preferimos transformar os vestígios deixados pela antiga autoestrada em uma Floresta Linear.
Este espaço permitirá o desenvolvimento de um novo ecossistema que vai recuperar, notadamente, as águas pluviais da parte mais alta do plateau, além de converter-se em um espaço de encontro entre duas partes da cidade de Montreuil até então desconectadas. A Floresta Linear percorre dois quilômetros até alcançar o parque Montreau, alcançando extensão aproximada de 6 hectares. Para compensar o déficit construtivo pela opção de preservar o espaço para a natureza, as quadras à margem da seção plantada serão densificadas, a exemplo do quarteirão Signac.
A segunda paisagem surge na escala do bairro da parte alta de Montrueil. Ela propõe a revalorização dos miolos das quadras fragmentadas e, em alguns casos, abandonadas, a conectá-las de acordo com um eixo Norte-Sul que já é perceptível no local, permitindo ligaro bairro às novas estações de transporte coletivo. As rua adjacentes serão requalificadas para abrigar, principalmente, as conexões rápidas e os estacionamentos de automóveis, permitindo, assim, liberar espaço nos miolos das quadras que passam a ser dedicados à circulação leve.
O primeiro corredor natural estende-se da quadra Bossière, na saída do metrô, até a Floresta Linear, a atravessar as ruelas que dão acesso às casas individuais, às zonas degradadas aos pés de conjuntos habitacionais e aos playgrounds existentes. Este caminho é margeado por uma canaleta de recuperação das águas pluviais que são direcionadas até a Floresta linear. Ele se dilata de acordo com os espaços que atravessa para se transformar em espaços de lazer, encontro e eventos culturais.
O segundo corredor natural conecta outros projetos urbanos em desenvolvimento com a Clé des Champs. Desde o norte, com o bairro planejado de Boissière-Acacia, o corredor atravessa a quadra Roches e as quadras esportivas adjacentes até o bairro de Saint-Antoine-Murs-à-Pêches e sua nova piscina ecológica.
A Terceira paisagem é formada pela escala da própria quadra. A partir do recenseamento dos vestígios da divisão de parcelas que configurou a horticultura histórica do bairro, tentamos revalorizar este desenho que está inscrito no próprio DNA local e que permite uma travessia natural por entre as quadras.
Os campos de passagem se imiscuem pour entre os edifícios existentes e estruturam a evolução da densidade, assim como as futuras construções. Dessa forma, estimula-se o vínculo social em torno da agricultura de bairro, trazendo uma proposta àquilo que a cidade almeja ser dentro do plano metropolitano do Grand Paris, qual seja, o de combinar densidade e permacultura.
Os edifícios comerciais existente são reestruturados ou reconstruídos para liberar espaços para faixas plantadas no sentido transversal, aos quais edifícios coletivos e residências individuais são superpostos sobre uma base dedicada às atividade. Um novo tipo de condomínio é proposto, de forma que se juntem empreendedores, residentes e a permacultura em torno de trocas virtuosas que favorizam atividades solidárias, a reciclagem de energia e as conexões sociais.